segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Crepusculo


O público adolescente e pré adolescente que tem vibrado com a Saga Crepúsculo, espécie de confissão bilionária de Stephenie Meyer, lota as salas de exibição para se deliciar com o que dizem ser o último filme da série “Amanhecer: Parte 2″. Estão na tela os elementos que conferiram sucesso na faixa etária alvo: a busca do par perfeito, os momentos de carinho, uma espécie de amor idealizado, os rostos belos e os corpos bem definidos. Cinematograficamente, o filme tem beleza estética e se utiliza de tecnologias que tornam o espetáculo visual agradável. Mas abandona anos de evolução de escolas de cinema, em montagem, enquadramentos e ousadias da sétima arte. Os atores são maiores que os personagens. E agradam em cheio ao público consumidor da saga. Basta olhar para o lado na sala de cinema e observar gestos, olhares, perceber suspiros e até acompanhar aplausos. Talvez, um dos maiores acertos da saga tem sido a capacidade de criar empatia com seu público, que pode não ser eu e nem você, mas são milhões de jovens espalhados por todo o mundo.
No fundo da trama, Stephenie Meyer nos coloca frente a frente com um mundo que colido com as aparentes expectativas da contemporaneidade. No universo dos vampiros e lobos da série, as mulheres parecem não querer independência, carreira e nem igualdade de gêneros. O sonho ali é o tal “amar e ser amada”, mesmo. Neste episódio da saga, não há  heroínas independentes, mas garotas que encontram em outra pessoa sua razão de ser e de viver, promovendo absorção do outro, nem completude, nem divisão. Isso, por si só, ajuda a aliviar as tensões dos dias atuais. Outra dica do sucesso. A protagonista, Bella, vivida pela agora “mais mulher” Kristen Stewart, passou os filmes anteriores envolvida em vivências que tinham como essência, o amar e ser amada, ou pelo vampiro Edward ou pelo lobisomem Jacob. Agora ela surge com ares de mulher “completa”  é esposa do vampiro, aceita pela família dele e mãe de um menininha que cresce espantosamente. O centro da trama é feminino, e evoca a uma tal  necessidade feminina de ser, não apenas amada, mas preenchida por outro, não importa se humano, vampiro ou lobisomem.
A promessa de ação e aventura, típica de “filmes de meninos”, está latente na tela, mas não surge como centro da trama. Os primeiros momentos da exibição mostram uma certa inclompletude em ser somente humano. A transformação de Bella numa vampira apontam para seus 18 anos de vida “sem sal”, que agora surge forte e insaciável, com a “delícia de ser um vampiro”. Agora mãe, Bella assume uma missão que parece dar sentido à sua vida: proteger a filha Renesmee (realidade perceptível fora das telas e em várias latitudes).  Para tratar de ajudar na defesa da menina, novo membro da família vampira, surgem novos personagens que dão mais agilidade à narrativa,  ampliando um determinado conceito de vampirismo x-mencriado por Meyer. Sintomática e bem oportuna é a nova capacidade adquirida por Bella,  como uma boa mãe e esposa, tem o poder de bloqueio, da proteção do lar. Entretanto, a fragilidade mitológica da série continua com a superficialidade do surgimento de egípcios, irlandeses, índios e até mesmo tradicionais vampiros da Transilvânia, dando amplitude às raças e espécies, mais com vocação de preencher cenários e lacunas dramáticas do que aprofundar conceitos e conteúdos. Mas, assim mesmo, convergem para o aprimoramento da estética que agrada o público alvo, a apartir do roteiro de  Melissa RosenbergO trabalho do diretor Bill Condon parece encomendado mesmo e só escorrega, em competência, na filha de Bella, digitalmente crescida, com efeitos risíveis. Até o tal imprinting, que justifica o desvio do amor do lobo Jacob para a recém nascida Renesmee, depois de morrer de paixões pela insossa Bella. Mas tudo se explica de forma rápida e sem complicações. Como a geração alvo deseja. Neste capítulo, que se diz final, segue-se s receita dos anteriores: didatismo e nada de complexidades. E, no meio de atores do “segundo time”, nomes consagrados, como  Michael Sheen (Aro, o líder dosVolturi, que perseguem a nova membro do clã vampírico), Lee Pace (o vampiro Garrett) ou Dakota Fanning (a malvada Jane) emprestam seu histórico para dar corpo ao filme. Mas seus personagens não crescem na trama, para não desviar do amor focal. Pena. Nem o antológicoGraham Greene consegue dar profundidade narrativa. Mas, mesmo assim, o sucesso cinematográfico coloca por terra toda minha apreciação, quando se trata de bilheteria milionário. O filme acerta no seu alvo. com voracidade de lobo, ou sangue frio de vampiro.

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